O BAÚ DO TESOURO

§ 1.    Temos um dia para o negro, mas não temos respeito para ele. A data da consciência negra é hipócrita, incoerente e, quando muito, ambígua; seria mais razoável que não existisse, pois a maior parte dos brasileiros, inclusive a população negra, é enviesada e apresenta um racismo voluntário, sistemático e fundamental. Além disso, essa comemoração estrategicamente atenua ou anula críticas porque o negro ingênuo imagina que ela simbolize um país onde o racismo não tenha existência real.


§ 2.    A existência do que chamamos de mal não invalida a presença de um Deus todo-poderoso e totalmente bom, porque não há correspondência lógica ou vínculo causal entre isso e aquilo; justamente o oposto é verdadeiro para garantir uma segura evolução espiritual baseada no aumento da consciência por meio do resgate de ações ruins. Em outras palavras, dor e sofrimento não são incompatíveis com uma Divindade que possui agentes morais para permitir a sua ação ou efeito: aliás, a excelente doutrina do karma é o melhor exemplo da organização ética e do funcionamento moral do universo.


§ 3.    De forma segura e consistente o ateísmo pode ser interpretado como um mecanismo de fuga que objetiva o conforto emocional presente no cancelamento do encontro com uma figura paterna que possa castigar o filho por suas ações incorretas. Essa dinâmica psicológica pode ser inconsciente ou involuntária, sobretudo em pessoas que tiveram pais rígidos na primeira infância. Assim, vemos que a hipótese ateísta adote uma conveniência emocional que é persuasiva e óbvia, impedindo que o maior número dos ateus consiga escapar da sua teia dogmática.