O BAÚ DO TESOURO

          Acreditar em Sansão e descartar Hércules é cômico, tendencioso e ilógico; de fato, vemos nessa postura a força cultural. O maior número das pessoas pode admitir qualquer coisa, se for condicionado de maneira adequada, sobretudo os mais humildes intelectualmente ou inseguros. É normal que esse gênero de subordinação consiga impedir sua própria análise e, logo, prenda o homem na crença, na fé – na superstição. Aceitar os mitos bíblicos equivale a crer na mitologia grega ou em quaisquer outras fábulas, é óbvio; mas não ao religioso, o que é compreensível. O problema é sua intolerância, o desrespeito característico forjado pela inabilidade para contextualizar. No entanto, quando criticado de forma conveniente, a Bíblia se torna, com efeito, um dos livros mais intrigantes.